sábado, 9 de outubro de 2010

Dicas de quem entende do assunto...


Aqui você confere as dicas dos profissionais especializados da ABER
Dicas de conservação

Dica 01

Efeitos da radiação de luz nos acervos: A luz causa desbotamento, além de outros danos, em toda natureza de acervo, inclusive - e de forma drástica - sobre obras em papel. Mantenha fotografias e obras de arte ( gravuras, guache, aquarela, e outros tipos de obras de arte) em lugares fora do alcance de radiação luminosa. Não ponha livros e documentos valiosos em locais onde incidem radiações de luz de forma direta, tanto luz natural quanto artificial. Quando não houver possibilidade de manter nessas condições, recomenda-se instalar bloqueadores de luz nas janelas e filtros para radiação UV nas luminárias.

Dica 02 

Para remover o odor desagradável de livros velhos, certifique-se que eles estejam bem secos. Coloque-os em local fresco e seco por algumas horas. Se o cheiro persistir, coloque-os em algum container aberto (caixa papelão, de polietileno etc) que irá dentro de outro maior com tampa com um recipiente contendo bicarbonato de sódio. Não permitir que o bicarbonato toque nas obras. Deixe assim por alguns dias em lugar fresco. Vistorie uma vez ao dia para se certificar que não haja desenvolvimento de esporos de fungos (mofo).

Dica 03 

Se você quiser guardar os registros fotográficos do acervo da família (casamento, aniversário, etc) para que seus filhos e netos possam curtir, tire suas fotos em branco&preto. Os vídeos, slides coloridos e a maioria das fotos coloridas tem uma expectativa de vida limitada. 


Dica 04
Se você quiser guardar por longo tempo um artigo de jornal de seu interesse, tire uma fotocópia sobre papel alcalino. A cópia irá durar muito mais tempo que o original.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Imposto do Livro

Em épocas de eleição, é fundamental relembrar o que aconteceu durante o governo anterior. Só assim podemos decidir se vamos mantê-lo ou se votaremos na oposição.


Este post vem lembrar que em finais de 2009, o atual Presidente Luís Inácio Lula da Silva propôs um imposto sobre o faturamento de editoras e livrarias, que teria como consequência óbvia um aumento no preço dos livros. Acho que concordamos sobre o livro ser, atualmente no Brasil, um produto de luxo. Não queremos piorar a situação.


Abaixo, cito reportagem do Estadão, que pode ser encontrado emhttp://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090906/not_imp430262,0.php


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O imposto do livro
06 de setembro de 2009 | 0h 00



Embora a vendagem de livros tenha aumentado e o preço médio dos livros tenha caído no ano passado, apesar da crise, como revela um recente estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o governo está propondo a criação de um novo tributo para constituir um fundo destinado a estimular a leitura no País. Essa é a segunda tentativa feita pelo governo, em menos de um mês, para criar novos impostos. Em agosto, o ministro da Saúde, com o apoio de parlamentares da base aliada, voltou a defender a criação de uma nova CPMF, alegando que precisa de recursos para financiar o combate à gripe suína.
No caso dos livros, o governo quer instituir uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), com uma alíquota de 1% sobre o faturamento anual das editoras, distribuidoras e livrarias. Formulada pelo Ministério da Cultura (Minc), a proposta é apresentada justamente no momento em que o governo adota medidas para desonerar a atividade econômica nos mais diversos setores de atividade.
Como a Cide seria cobrada em todas as etapas do setor de publicações, a alíquota de 1% para cada elo da cadeia editorial se converteria em 2,1% no preço final do produto. Isso pode ser mortal para os pequenos distribuidores de livros, cuja margem de lucro já é muito reduzida, não comportando mais uma taxação. O mesmo pode ocorrer com as pequenas e médias livrarias, que hoje sofrem uma acirrada competição com os grandes grupos especializados em vendas de produtos culturais - livros, CDs, DVDs - pela internet. Lutando para sobreviver nas cidades do interior do País, elas não têm condições de absorver mais esse custo.
Por seu lado, as editoras alegam que a venda de livros é muito sensível ao preço e que qualquer elevação tem efeito direto no volume de vendas. Elas afirmam que, com a cobrança da Cide, terão de reajustar os preços de seus catálogos. E, como os livros ficarão mais caros, elas temem uma queda nas vendas e, por tabela, uma redução no número de novos lançamentos de autores nacionais. Os editores também dizem que terão de suspender o patrocínio de fóruns de debates e dos projetos de "salas de leituras" e de "espaços infanto-juvenis", que criaram junto a escolas e comunidades para incentivar o hábito de ler.
A proposta do Minc é mais uma dessas ideias insensatas - tão do gosto do atual governo - que pode trazer resultados diametralmente opostos aos desejados. A ideia de se criar uma "contribuição" incidente sobre o setor editorial surgiu pela primeira vez em 2004, meses após o presidente Lula ter reduzido a zero a alíquota do PIS e da Cofins para toda a cadeia produtiva do livro. Na época, foi classificada como incoerente por autores, editores, distribuidores e livreiros.
Ao justificar a retomada da proposta de quatro anos atrás, o governo alega que a receita gerada pela Cide irá para um Fundo Pró-Leitura, que será constituído com quatro objetivos - todos embalados numa retórica politicamente correta: "democratização do acesso; fomento à leitura e formação de mediadores; valorização de leitura e comunicação; desenvolvimento da economia do livro".
Retórica à parte, a medida mais absurda é a instituição da figura dos "mediadores" de leitura - ou seja, pessoas que tentariam incentivar o hábito de ler na população. Como se vê, o governo do presidente Lula não abandonou a compulsão pelo "dirigismo cultural", que foi evidenciada, em seu primeiro mandato, pelas tentativas de criação de um Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) e de uma Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav). Quem serão esses "mediadores" de leitura? De que modo serão escolhidos? Em que medida isso não pode levar a um festival de contratações de "companheiros"? Acima de tudo, o que garante que os "mediadores" sejam mais eficientes do que os professores de ensino básico e como evitar que convertam seu trabalho em mero proselitismo partidário-ideológico?
A extravagante ideia de criação de um imposto para estimular o hábito da leitura só poderia vir de um governo cujo chefe já afirmou várias vezes que não gosta de livros e que não lê "porque dá sono". 

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Itens Interessantes

Vocês já conhecem o Thumb Thing?

[Peguei uma foto do Google para ilustrar, porque o meu é
transparente e não fica bonito nem muito visível fotografado]
O Thumb Thing (Coisa do Polegar) é, como se vê na foto ao lado, uma peça de plástico que, encaixada no polegar e pressionada contra um livro o mantém aberto sem pedir a ajuda de duas mãos.

Na minha opinião, é ideal para palestras, aulas e transporte público lotado.

Ganhei meu Thumb Thing de uma amiga que viajou para a Suíça e lembrou de mim. Acho que foi uma das melhores lembranças de viagem que ganhei.

Um inconveniente: marca os livros. Não há página que não fique com uma levíssima ranhura depois de pressionada pelo plástico do Thumb Thing. Acho que seria uma melhoria possível aveludar a base do apetrecho.

Os mais conservadores dirão que é um crime usar um objeto desses contra um livro, e que a marca poderá, no futuro, facilitar a quebra das fibras... Concordo com tudo. Se você puder separar um canto na sua casa para ler durante algumas horas por dia, com as mãos lavadas, luz adequada e o livro bem apoiado, é claro que o Thumb Thing é inútil para você.

Mas se você estuda Letras, pega ônibus cheios de manhã e à tarde, corre o dia todo, acaba lendo os maiores romances da humanidade no Metrô, de pé, com gente dos dois lados, precisando se segurar com uma mão e só tendo a outra livre para ler... Aí eu acho que o Thumb Thing pode ser uma boa escolha!

Na foto abaixo, um paperback de Wuthering Heights (Emily Brontë - edição da Vintage Classics) na minha mão, com o Thumb Thing ajudando:


sábado, 25 de setembro de 2010

Casos curiosos...

Certa vez, estava numa escola, a visitar a biblioteca, como faço sempre que posso. Estava com alguns problemas para encontrar o livro que procurava (The Picture of Dorian Gray - Oscar Wilde, qualquer edição).

Depois de alguns minutos tentando encontrar pela instintiva "ordem alfabética de sobrenome de autor", comecei a desconfiar de que talvez as obras estivessem em ordem alfabética de títulos (os nomes de autor também não eram uma ordem possível, e aconteceu de encontrar três ou quatro títulos começando com a mesma letra um ao lado do outro).

Me dediquei a descobrir, então, onde estava a letra A, para dali partir e encontrar o P. Nada.
Depois de bastante tempo, encontre dois ou três livros começando por A e segui até o que podia ser o P, embora não houvesse nada que me indicasse estar certo, parecia mesmo coincidência quando havia muitos livros com K ou M juntos. Nada no P, fui, incrédulopara uma região que podia ser do T. Isso tudo adivinhei por proporção, os títulos realmente não batiam com as letras que deveriam bater, em maioria.

Claro, eu não achei o que buscava. Desisti e pensei: estão separados por alguma classificação interessante para a escola. Vou perguntar. Quando perguntei, a responsável pelo local me olhou de modo estranho, como se minha pergunta não fizesse muito sentido, e eu a repeti:
"Sim, digo, há alguma divisão nos livros? Estão separados de algum jeito". E, sorrindo então, ela me explicou: "Sim, pelo tamanho".

Me voltei para as estantes e de fato, cada estante tinha uma altura diferente. Paperbacks pequenos em uma estante, hardcovers grandes em outra... e me veio a pergunta que não fiz:

"Por favor, quantos centímetros mede O Retrato de Dorian Gray?"

As etiquetas...

Para postagem inaugural, escolhi um dos temas que mais me atormentam quando se trata de livros antigos: as etiquetas de papel ou papel plastificado que os sebos fazem o favor de colar.

Primeiro, tenhamos um pouco de compreensão com nossos amigos livreiros: alguns sebos são símbolos de status (você sabe que é verdade). Caso não seja este o motivo, ainda pode ser para ter um controle das obras, ou mesmo só para marcar o preço. Um dia desses conversando com um livreiro amigo (Sebo Nós Três), ele disse que começaria a colocar etiquetas nos seus produtos.

Me levantei contra, dizendo que era quase um crime, depois de alguns anos marcava o papel e daí por diante. Ele me disse que faria isso porque havia pessoas que colecionavam livros com etiquetas e até pessoas que colecionavam etiquetas de livros, eu não duvidei, porque no mesmo dia mais cedo, visitando a Pinacoteca, numa mostra da Imprensa Oficial sobre livros, vi um volume justamente sobre etiquetas de livros no Brasil.

O livreiro disse que também ficava com dó de escrever no livro, porque enquanto a etiqueta se torna parte do produto (discordei de novo), o lápis se torna uma mancha, ainda que leve, depois de apagado. (Não concordei e ainda acho que isso se deve ao fato de qualquer leitor com menos dinheiro do que o livro pede poder apagar e falsificar o preço do livreiro).

Apesar dos pesares, esse livreiro e vários outros colam, começarão a colar e vão continuar colando etiquetas para os mais variados (des)gostos, então vamos aprender a retirá-las sem causar danos.


Métodos para se retirar a etiqueta de um livro:


  • Vapor d'água:

O mais método mais divulgado é o da chaleira. Ferve-se qualquer quantidade de água, espera-se juntar bastante vapor na panela e aí se coloca o livro à frente do jato de água vaporizada que sai da panela.
O absurdo da ideia de se jogar água num livro me fez nunca tentar este método. É quase como sugerir que se queime a etiqueta, tomando cuidado para não atingir a folha de guarda.



  • Secador de cabelos:
Essa é minha versão pessoal do método de vapor d'água. Mas sinceramente, não acho que tenha sido uma boa idéia. Testei num livro da Livraria Cultura (que usa aquelas belíssimas etiquetas eletrônicas gigantes atrás da orelha dos livros, que são de plástico e têm uma cola poderosíssima). Sem críticas à LC em sí, já que ela me fornece muito do que compro de melhor, é claro para todos nós que a etiqueta não é de se arrancar com a unha.
Testei numa edição em paperback de Paradise Lost, ainda bem que era paperback. Deu certo, a etiqueta saiu. A capa do meu livro nunca mais foi a mesma, de tanto que ressecou. Pensei: "pode ser porque a cola é forte demais" e, idiota, fui testar numa edição das obras completas do Camões, da Nova Aguilar, que comprei no Sebo do Messias. O Messias usa aquelas etiquetas amarelas, bem ruinzinhas, com uma colinha mais fraca, mas que também não é fraca o suficiente, e faz o favor de colar mesmo em edições de 1800 e bolinhas. (A minha edição era, claro, mais recente. Em uma dessa idade eu talvez tivesse deixado a etiqueta, em vez de correr o risco).
Só esquentei a página com o secador. Mas até a cola derreter (derreteu, e a etiqueta saiu sem tirar pedaços do papel), engruvinhei a página meio irrecuperavelmente (dentro dos métodos normais. É claro que uma intervenção cirúrgica teria resolvido mesmo este problema. Mas é melhor não o causar, não é?).

  • Anel quente:
Agora sim! Pensei nisso hoje, coloquei em prática com duas obras do Fernando Pessoa, compradas também no Messias (link acima), e deu super certo. É claro que eu sempre serei super grato a todos os livreiros que colarem a etiqueta na folha de guarda final do livro, e não na primeira, sempre visível, e que portanto sempre incomoda. E serei menos grato ainda aos que colam a etiqueta depois da guarda, no livro mesmo. O Messias colou uma na guarda e uma no livro (livros diferentes) e as duas sairam com este método revolucionário.

Acenda uma vela, segure um anel bem grosso com um alicate contra o fogo (um que você não vá usar, ou um que você comprou especificamente para este propósito e que não custou mais de R$5,00) até sairem ondas de calor do metal do anel.

Aplique, ainda com o alicate, o anel sobre a etiqueta, na região da cola. Faça movimentos leves (ou você marcará a página) sobre a cola e aos poucos vá puxando a etiqueta. Tome cuidado com o papel do livro e com a pele dos seus dedos. Esquente o anel novamente depois de um tempo e continue o processo.

Alguma marca sempre fica, mas ela será menos evidente quanto maior for sua paciência. Ainda não testei com as etiquetas da LC, mas imagino que dê menos certo ou demore um dia inteiro para funcionar. Ainda assim, é melhor que molhar o livro ou secar excessivamente as fibras do papel (no caso de livros antigos isso pode ser realmente grave).







Quaisquer dúvidas, e-mail me: gabrielmsalomao@gmail.com